Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes. (Jeremias 33:03)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Lata de lixo




       "Joguei tudo no lixo para abraçar Cristo e ser abraçado por ele. Comparado com o alto privilégio de conhecer Cristo Jesus, tudo o mais é insignificante". Filipenses 3.7-9.
                A lata de lixo é uma testemunha silenciosa. Ela revela tudo o que usamos e descartamos, o que um dia foi útil e que agora já não serve. Desde lixo orgânico a reciclável, os conteúdos que nela se depositam são registros da história de cada um.
               Paulo também tinha a sua. Ele descartou nela tudo quanto antes lhe era significativo: títulos acadêmicos que lhe rendiam reputação; nome de família; cargos destacados na elite de seu circulo de influencias. Tudo usado e protegido com extrema cautela porque isso era o sentido da existência.
           Mas quando conhece a pessoa de Cristo e sente o seu profundo amor ele descobre alguém que não o valoriza porque conseguiu sucesso na vida. Que não o bajula porque é tido como referencia  entre seus pares. Mas que o ama porque tem para ele um propósito mais sublime e elevado: torna-lo mensageiro do recado mais importante do mundo: que Deus chama homens e mulheres para uma caminhada, revelando-lhes a cada dia um plano particular e irretido,  uma missão centrada no Evangelho e uma contínua transformação que produza maturidade nos relacionamentos.
        Saber que há alguém que o ama independentemente de seus rendimentos, acertos, sentimentos, circunstâncias, erros, traz para Paulo a certeza de uma aceitação que há tempos buscava na sociedade. Agradar pessoas para receber delas o diploma de validação que permite ser incluído na lista dos 'bons' deste mundo.
               Ele descobre em Jesus o quanto foi enganado pelo sistema de meritocracia, presente nas escolas, nas empresas, nas igrejas, nas rodas de amigos. E ele manda para o lixo o que agora é insignificante. Porque não traz mais sentido para a sua história. 
           Paulo não está revoltado com o mundo. Ele se reinsere nele com uma outra consciência.  Quer ama-lo e as pessoas que nele habitam, porque deseja colaborar com Deus no processo de cura desta gente, machucada e ferida, estressada e esgotada, por buscar um amor que nunca está suficientemente pronto nem adequado - sempre há algo que se deixou de fazer pelo meio do caminho.
            A lata de lixo mostra, assim, que quando coisas mais significantes chegam na vida, nós optamos pelo descarte daquilo que tanto amávamos, mas que no fundo, nos iludiam, por não passarem de um sistema de trocas, interesseiro, vil e desprezível.
(Caleb Mattos)